Apaixonei-me por um carro

Como a maior parte de nos já tenho um carro, mas de alguma forma eu apaixonei-me por um outro carro, e agora não o consigo tirar da cabeça. Não me lembro de como tudo começou, mas posso vos dizer uma coisa, eu quero mesmo este carro ... quero-o tanto que passo horas online a ler, leio testes e comparativos, vejo fotos e vídeos, alias não há um vídeo no Youtube sobre este carro que eu não tenha visto. Mesmo quando vou dormir a noite antes de adormecer penso como será conduzir o "meu" carro numa estrada secundária sem transito, só eu e a maquina em perfeita harmonia, sem rádio, apenas o barulho do motor e o vento a passar por nós numa tarde solarenga.

O amor por um carro não é uma coisa fácil de perceber nem de explicar, é uma loucura por uma máquina sem sentimentos, algo inanimado e aparentemente sem alma, mas que nos faz sentir como um milhão de euros. Quando faço aquela curva perfeita e colo o acelerador ao tapete do carro e recebo o glorioso som de um motor a roncar por uma recta deserta, fico com um sorriso no rosto e aquela sensação de pura alegria algo que não consegue ser explicado apenas sentido. É algo viciante que eu só quero mais e mais, é um sentimento tão bom que uma palavra devia ser inventada para o que sinto naquele momento.

Eu sei que é uma compra estúpida e que devia economizar dinheiro para um dia chuvoso, ou se quero mesmo comprar um carro novo deveria comprar um com 5 lugares e um monte de portas, e uma mala grande o suficiente para caber um elefante de tamanho médio, algo com preço razoável e fiável e com bom consumo aos 100 ...  talvez um carro diesel !. Mas eu não quero um carro diesel não quero uma berlina de quatro portas ou um mono-volume. Eu quero um carro para me divertir enquanto o conduzo é sentir o vento no cabelo, e o barulho do motor nos meus ouvidos, sentir o motor a crescer quando acelero, e quero acelerar até as válvulas saltarem fora, em seguida acelerar um pouco mais e sim só depois meter uma mudança numa caixa de velocidades manual em que sinto as mudanças a entrarem na ponta dos dedos. O que eu quero é ... um carro de duas portas e dois lugares, um desportivo, eu quero um Roadster.

Para mim o que faz um carro bom é o que ele te transmite quando o conduzes, o que sentes por traz do volante. Isso é o que interessa para mim não é a navegação por satélite nem bancos eléctricos nem luzes que se acendem ao anoitecer, eu sei quando fica de noite é quando fica demasiado escuro para se ver, isso é tudo uma estupidez e é tudo secundário, um carro para mim é muito mais que um meio de transporte para as massas, é uma máquina que me proporciona prazer, o prazer de conduzir. Um carro para mim deve-me fazer sentir como um miúdo de dez anos conduzindo pela primeira vez um kart ou um carrinho de choque daqueles das feiras, deve sacudir a metade primitiva do meu cérebro até a morte, e em seguida, levar-me para casa numa nuvem de pura satisfação e relaxamento sem uma preocupação em mente ... um paraíso na terra.

Então eu quero comprar um carro novo que não é novo, não o posso utilizar no dia a dia, é caro, não tem tecto e tem um problema com a bebida. E querem saber de uma coisa ... eu não quero saber, a única coisa que importa é conseguir o dinheiro para o comprar o mais rapidamente possível.

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