terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Da teoria para a prática


As motas em teoria são uma grande ideia, alta velocidade, grande aceleração, ar livre e tudo por um preço inferior a um Renault Twingo, brilhante ideia. Mas como tudo na vida, há sempre um senão.

Quando temos um acidente num Twingo, temos ainda algum metal a nossa volta, mesmo que seja pouco, para nos proteger do que seja que nós tenhamos batido. Além disso temos airbags, cintos de segurança, barras de dissipação de energia etc.


Tudo isto para evitar que sejamos tornados em vegetais, os nossos órgãos sejam doados a um estranho qualquer ou pior ter de ver o Natal dos Hospitais ao vivo por que tivemos o acidente na semana antes do natal.


Ao conduzir uma mota é óbvio que mais dia, menos dia vamos cair dela, tal como cada pessoa que tira carta de carro mais dia, menos dia vai bater em qualquer coisa. No meu caso foi no quarto mês de carta uma parede, e lá se foi o lado direito do meu carro.

Todos os amantes das duas rodas tem de cair da mota para se tornarem motociclistas, é uma regra. Aqui mais uma vez se aplica a nós condutores, não somos verdadeiros condutores até termos um acidente com o carro.


E para mim prefiro ter um acidente de carro com todos os airbags a minha volta, do que aparar a queda da mota com a minha cabeça. Esse é o problema das motas, a parte do cair, por que tudo o resto parece-me uma boa ideia, em teoria.

E desde a última semana gosto de motas ainda menos, pois uma enfiou-se na traseira do meu carro quando parei numa passagem de peões. O resultado foi, o vidro de traz partido, e a porta traseira com duas crateras que rivalizam com as da Lua.

Como tenho a parte de traz do meu carro desfeita, tive de trocar o meu carro por um Renault 19 que é do meu pai, enquanto o meu é arranjado. Aqui vão alguns números, motor 1.4 TSE com 80 cv (no ano em que foi lançado), 0-100 em 12 segundos (no ano em que foi lançado), os consumos 6-7 litros aos 100 (segundo o meu pai) nas minhas mãos deve andar nos 10 litros.


Motor de injecção, direcção assistida, turbo, ar condicionado, vidros eléctricos, bancos em pele aquecidos, rádio com leitor de cd e airbags para condutor e passageiros, são algumas das muitas coisas que este carro não tem. E acreditem que não tem muita coisa, o que se torna um pesadelo conduzi-lo em cidade, que é onde eu vivo.

Para trabalhar tem de se puxar o ar, coisa que eu não fazia desde a Idade Média, para se estacionar tem de se ir fazer umas sessões de levantamento de pesos num ginásio, o mesmo para abrir ou fechar os vidros.

Os piscas não auto cancelam, cada vez que saiu num cruzamento á direita a luz do pisca fica eternamente ligada, até empurrar o manípulo para a posição de origem, os travões não funcionam, travar ou abrir a porta produz o mesmo efeito e a caixa de velocidades é completamente inútil.

Na teoria este carro não é o melhor opção para circular nas nossas estradas, e lamento informar que é verdade na cidade este carro é completamente horrível comparado com os carros de hoje em dia. Mas se o levarem para uma estrada com curvas, ai as coisas mudam de figura.


Nas curvas torna-se numa máquina totalmente diferente, curva de uma maneira como nunca tinha visto, devagar mas de uma forma divertida sem grandes dramas. Sinceramente prefiro o 19 a muitos carros modernos.

O motor não é mau de todo e a caixa deixa de ser tão inútil se o motor for levado a rotações mais altas, e numa estrada segundaria não preciso de estacionar, então não noto a direcção pesada. Os travões continuam a ser maus, mas como não vou assim tão depressa não fazem assim tanta falta.

O resultado é uma experiencia de condução bastante agradável é bem divertida, e no final de contas isso é o que interessa. Um conjunto de coisas más fazem algo que é essencialmente fantástico, isso é aquilo que mais gosto nos automóveis, aquele factor que os torna mais humanos, a imperfeição.

Uma boa ideia em teoria não funciona na prática, e uma menos boa funciona ... eu adoro isso.